A compulsão pode ser definida como um impulso irresistível que leva uma pessoa a realizar determinada ação ou adotar um comportamento repetitivo, mesmo que isso traga consequências negativas. No contexto atual, o uso excessivo das redes sociais tem se tornado uma questão cada vez mais relevante na saúde mental. Como psicólogo e doutor em Psicologia, tenho acompanhado de perto os impactos desse fenômeno no bem-estar emocional e nas relações interpessoais.
Pesquisas recentes indicam que as redes sociais desempenham um papel central na forma como nos relacionamos e processamos informações. Vivemos em um mundo acelerado, no qual o tédio e a espera se tornaram quase intoleráveis. Somos constantemente bombardeados por estímulos digitais, o que afeta diretamente nossa capacidade de concentração, regulação emocional e interação social. Além disso, em um cenário marcado por agendas lotadas e pressões produtivistas, as redes sociais passaram a ocupar espaços que antes eram destinados ao convívio presencial e ao descanso.
Uma das principais consequências desse quadro é a alteração na nossa percepção do tempo. As redes sociais nos mantêm em um estado contínuo de expectativa pelo que está por vir, reforçando a necessidade constante de novidades e tornando difícil simplesmente estar no presente. Essa dinâmica gera uma experiência temporal acelerada, na qual o agora é rapidamente descartado em favor do próximo acontecimento, do próximo conteúdo, da próxima atualização. Como resultado, torna-se cada vez mais desafiador lidar com a espera, a frustração e a imprevisibilidade da vida.
Uma das principais consequências desse quadro é a alteração na nossa percepção do tempo. As redes sociais nos mantêm em um estado contínuo de expectativa pelo que está por vir, reforçando a necessidade constante de novidades e tornando difícil simplesmente estar no presente.
Outro aspecto preocupante é o impacto das redes sociais na qualidade das interações humanas. Apesar da hiperconectividade, muitas pessoas relatam sentimentos de solidão e dificuldade para estabelecer vínculos profundos. Os algoritmos reforçam o contato com conteúdos alinhados às nossas preferências, tornando cada vez mais desafiador o exercício da empatia e do diálogo com perspectivas diferentes. Além disso, a cultura do cancelamento e a exposição de vidas aparentemente perfeitas nas redes sociais intensificam sentimentos de inadequação e comparação, favorecendo quadros de ansiedade e baixa autoestima.
Diante desse cenário, é fundamental repensarmos a forma como utilizamos as redes sociais. Mais do que simplesmente reduzir o tempo de uso, é essencial compreender o papel que essas plataformas desempenham em nossa vida. A busca por um equilíbrio envolve o desenvolvimento de relações presenciais significativas, a prática de atividades fora do ambiente digital e a valorização do momento presente. Em casos em que a dependência digital compromete a qualidade de vida, a orientação de um profissional de saúde mental pode ser indispensável para resgatar o bem-estar e estabelecer um uso mais consciente e saudável da tecnologia.
Este texto não tem a pretensão de ser um artigo acadêmico, mas sim uma reflexão baseada na minha experiência clínica para ajudar a compreender melhor esse problema tão comum nos dias de hoje.
Se você deseja ajuda para lidar com essa questão, entre em contato para que possamos auxiliá-lo a construir uma vida mais significativa.
Sobre Klessyo Freire
Klessyo Freire (CRP 06/209784) é psicólogo, psicoterapeuta e supervisor clínico, atuando online e presencialmente em São Paulo. Com formação em clínica fenomenológica-existencial (IFEN-RJ) e orientação de carreira (PUC-SP), é Doutor em Psicologia (UFBA) e Mestre em Educação. Além da prática clínica, coordena serviços de atendimento psicológico breve, atua como professor e pesquisador e é sócio-fundador da Rede Existências, escola de formação continuada em Psicologia.