Insatisfação com o trabalho

Quais as possíveis razões que levam cada vez mais pessoas a quererem mudar de carreira ou emprego no Brasil

Klessyo do Espirito Santo Freire

Insatisfação com o trabalho

Saiba as razões que levam cada vez mais brasileiros a estarem insatisfeitos com sua carreira profissional

Em 2020, publiquei um trabalho científico como parte do meu doutorado em parceria com minhas orientadoras, professoras Giuseppina Marsico, da Universidade de Salerno na Itália (UNISA), e Maria Virginia Machado Dazzani, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esse estudo fez uma revisão na literatura científica dos últimos 20 anos sobre a saúde mental de estudantes universitários no Brasil. Encontramos dois grandes fatores que são fonte de problemas psicológicos entre estudantes universitários: a transição para o mercado de trabalho e a insatisfação com a escolha do curso e da carreira. Esses resultados já ilustram um problema que tem sido cada vez mais comum na realidade de jovens entre 20 e 40 anos no Brasil e no mundo: a insatisfação com a carreira profissional (Bardagi, 2006; Época Negócios, 2023; Ramos, 2024a e 2024b).

Um estudo encomendado pelo LinkedIn com 23 mil pessoas em 16 países diferentes encontrou que 60% dos profissionais estavam insatisfeitos com seu emprego atual e 20% estavam procurando uma nova colocação (Época Negócios, 2023). Já um levantamento realizado pela Randstad, empresa reconhecida mundialmente na área de Recursos Humanos, mostrou que 32% dos brasileiros pretendem mudar de emprego (Ramos, 2024a). Coloquei em outro texto publicado aqui no blog que, em 2024, as demissões voluntárias representaram 34% dos desligamentos ocorridos no Brasil. O que tem acontecido que tantas pessoas estão insatisfeitas com sua escolha profissional?!

Um estudo encomendado pelo LinkedIn com 23 mil pessoas em 16 países diferentes encontrou que 60% dos profissionais estavam insatisfeitos com seu emprego atual e 20% estavam procurando uma nova colocação (Época Negócios, 2023). Já um levantamento realizado pela Randstad, empresa reconhecida mundialmente na área de Recursos Humanos, mostrou que 32% dos brasileiros pretendem mudar de emprego (Ramos, 2024a).

Para responder a essa pergunta, precisamos refletir sobre como ocorrem nossas escolhas profissionais. Desde cedo, influenciados pelos amigos, familiares, professores e nossas relações sociais em geral, vamos construindo uma série de significados sobre quem somos e como o mundo e as pessoas deveriam ser (Magnan & Feijoo, 2020). Portanto, a escolha profissional reflete nossas ideologias e valores, que são construídos ao longo da nossa trajetória de vida. Fiz formação em orientação e transição de carreira na PUC, em São Paulo, e havia uma frase de um professor que me marcou bastante, a qual dizia: “Com que moeda você quer ser pago?”. Os ideais que criamos sobre uma profissão estão diretamente ligados ao estilo de vida que desejamos ter.

O mundo atual tem sido marcado pela globalização, pelas redes sociais e por um conjunto enorme de informações, tanto que o renomado filósofo coreano Byung-Chul Han tem dito que vivemos na sociedade do cansaço (Han, 2017). Nessa correria em que estamos inseridos, muitas vezes não refletimos sobre o que realmente queremos, idealizamos profissões e empregos sem realmente compreendermos se podem refletir o estilo de vida que desejamos. Nos apegamos a supostas “verdades”, tentando fazer uma escolha profissional que traga uma certeza sobre a vida (Magnan & Feijoo, 2020). Viver é incerto, não podemos controlar as coisas; o máximo que podemos fazer é compreender os valores que construímos nas escolhas que fizemos ao longo da vida. O próprio mercado de trabalho mudou: antes, as pessoas ficavam anos em uma mesma empresa; agora, as profissões têm carreiras com diferentes empregos (Pires, Ribeiro & Andrade, 2020). Além disso, exige-se cada vez mais flexibilidade e versatilidade para lidar com diversas demandas profissionais e pessoais.

Portanto, dito isso tudo e com base na minha experiência de anos adquirida como psicólogo clínico, psicoterapeuta e orientador de carreira desde que me formei em 2013, penso que um dos motivos que têm influenciado na insatisfação com a carreira é a falta de clareza sobre os valores e os sentidos na escolha profissional. Com o excesso de informações, muitas vezes escolhemos a carreira com base nas redes sociais, nas “verdades” de familiares e amigos e em idealizações sobre determinada profissão. As pessoas, muitas vezes, escolhem uma carreira profissional sem antes refletir se ela estará em consonância com o estilo de vida desejado. Por isso, é preciso não somente se informar sobre o mercado de trabalho e a profissão desejada, mas também adquirir um processo de autoconhecimento e compreensão de si. Caso sinta necessidade, uma das possibilidades é procurar um psicólogo voltado para orientação e transição de carreira, que possa lhe auxiliar a fazer escolhas mais assertivas e voltadas aos seus valores e experiência pessoal. Com uma maior clareza sobre si, o mercado de trabalho e a carreira que deseja, acredito que a pessoa possa ter mais êxito em fazer uma escolha profissional que faça mais sentido para ela e para seu estilo de vida.

Trabalho com orientação de carreira e psicoterapia voltada para transição e orientação de carreira. Tenho anos de experiência com esse público. Caso tenha interesse, convido você a conhecer meu site e conversar comigo via WhatsApp.

Klessyo Freire


Klessyo Freire é psicólogo (CRP 06/ 209784), psicoterapeuta (na modalidade online e presencial na cidade de São Paulo), supervisor clínico, orientador de carreira, pesquisador e professor. Tem formação em clínica fenomenológica-existencial pelo Instituto Fenomenológico Existencial do Rio de Janeiro (IFEN) e em orientação e transição de carreira pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É também mestre em Educação e doutor em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). No plano profissional, também tem coordenado serviços de atendimento psicológico breve e atuado como gestor e empreendedor nas áreas de formação continuada e saúde mental. Foi professor de cursos de graduação e pós-graduação e é sócio-fundador, professor e supervisor da Rede Existências, Escola de Formação Continuada em Psicologia. Contato: e-mail [email protected], telefone e WhatsApp (11) 91182-0481, Instagram @psi.klessyofreire e site www.drklessyofreire.com.br.

Referências

Bardagi, M.; Lassance, M.C.P.; Paradiso, A.C,; Menezes, I.A. (2006). Escolha

profissional e inserção no mercado de trabalho: percepções de estudantes formandos. Psicol. Esc. Educ. 10 (1). DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-85572006000100007.

Época Negócios (2023, 13 de fevereiro). 60% dos profissionais estão insatisfeitos com oemprego atual, e 20% já estão procurando uma nova posição. Época Negócios, disponível em: https://epocanegocios.globo.com/colunas/profissionais-da-nossa-epoca/coluna/2023/02/60percent-dos-profissionais-estao-insatisfeitos-com-o-emprego-atual-e-20percent-ja-estao-procurando-uma-nova-posicao.ghtml.

Freire K.E.S., Dazzani M.V.M., & Marsico G. (2020). A saúde mental de estudantesuniversitários: Uma revisão de literatura integrativa. Santos G.G., Sampaio S.M.R (Orgs), Observatório da vida estudantil: Interdisciplinariedade e diálogo de saberes (437-454). Salvador: Edufba.

Han, B-C. (2017). Sociedade do Cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes.

Magnan, V.C,; Feijoo, A.M.L.C. (2020). Análise da escolha profissional. Rio de Janeiro: Edições IFEN.

Pires, F.M,. Ribeiro,.M.A; Andrade,.L.A. (2020). Teoria da Psicologia do Trabalhar: umaperspectiva inclusiva para orientação de carreira. Revista Brasileira de Orientação de Carreira, 21 (2), 203- 214. DOI: 10.26707/1984-7270/2020v21n207.

Ramos, M. (2024a, 19 de junho). Em busca de melhores salários, 32% dos brasileirospretendem mudar de emprego em 2024. CNN Brasil Online, disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/em-busca-de-melhores-salarios-32-indicaram-mudar-de-emprego-em-2024-com-peso-da-geracao-z/?_gl=1*13nha0b*_ga*MTUwMjc1NzcwNi4xNzE4NTMzNzk4*_ga_XFKMH2HW60*MTcyMDk2NTIwMS43LjEuMTcyMDk2NTIyMy4wLjAuMA.

Ramos, M. (2024b, 15 de fevereiro). Demissões voluntárias batem recorde no Brasil commais de 7 mi em 2023, mostra levantamento. CNN Brasil online, disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/demissoes-voluntarias-batem-recorde-no-brasil-com-mais-de-7-mi-em-2023-diz-estudo/

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